quarta-feira, 13 de agosto de 2008

"ESSE COMPADRE NÃO É GENTE!"

Nos idos do ano 1948, quando eu contava com apenas 05 anos de idade, lembro-me de que papai mandou construir nossa casa no povoado de Riacho Grande, atual cidade de Senador Rui Palmeira. O profissional encarregado pela obra foi Sebastião Pedreiro, um preto esguio, gago, que nas horas vagas gostava de tomarumas "biritas" e de tocar cavaquinho. Casou-se com Maria Pretinha e quando nasceu sua primeira filha o casal, a Lindoura, eles convidaram nossos pais para apadrinhar a recém-nascida.Naquela época, vez por outra, eu ouvia D. Aristea, minha mãe, comentar:- esse compadre Sebastião não é gente! Eu, dentro da minha inocência, rebatia: - porque ele não é gente? Mamãe dizia:- deixe pra lá, que você não entende disso!O tempo passou e somente quando comecei a me entender como gente vim a compreender a razão daquela expressão da minha genitora. É que o pedreiro além de sua esposa, com quem veio a ter 18 filhos, dava suas "puladas de cerca", ou melhor dizendo, tinha umas "capas de cela" – como costumava dizer o focalizado – , com as quais também constituiu família.Quarenta anos depois me encontrei com o "casanova" caipira, que ainda demonstrava certa vitalidade. Cumprimentei-o, ocasião em que travamos o seguinte diálogo:
-
É Luiz Antônio "fio" de "cumpade" Zeca?
- Sou sim, "seu" Sebastião
.- Luiz, você se casou?
- Casei-me, "seu" Sebastião.
- Tem quantos filhos?-
Um casal, respondi.-
Só? Rebateu o pedreiro.-
Somente, "seu" Sebastião.
E o senhor quantos filhos teve?
- Quarenta e dois, mas vivos só têm vinte e oito.
Já não existem mais pedreiros como antigamente!
"Por ,Luiz Antonio de Farias (Capiá)"

Um comentário:

Brandolim disse...

Apenas escolares, um deles estuda comigo, uma pessoa sádica diremos pois...

Só não conte a teoria do 15 para eles! Quem sabe acaba pegando essa zica! xD


Muitoo bom, parabenizo vcs...
Eu não sou pai, não tenho esposa, nem sou professor d História! Mas mamãe adora *.*


haha (6)